sábado, 11 de abril de 2009

Gorduras facilitam doença de Alzheimer

Publicado pelo Jornal da Ciência 19/02/2004

Estudo nos EUA será mais útil para prevenção do que tratamento e reforça importância das vitaminas

Reinaldo José Lopes escreve para a "Folha de SP":

Como se a lista de problemas de saúde causados pelos alimentos gordurosos já não fosse imensa, cientistas americanos acabam de adicionar a ela
o dano ligado ao mal de Alzheimer, doença degenerativa do cérebro que mais afeta idosos pelo mundo.

De acordo com novas análises em seres humanos,
o colesterol e a ceramida, ambas moléculas de gordura, impulsionam a morte de células nervosas que caracteriza a doença.

O achado foi apresentado por Mark Mattson, do Instituto Nacional do Envelhecimentos dos EUA, durante a 170ª Reunião Anual da AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência), em Seattle, no noroeste dos EUA.

'Por enquanto, as implicações estão mais ligadas à prevenção do mal de Alzheimer do que a uma possível melhora do prognóstico dos pacientes', afirmou Mattson, que participou da conferência apresentando os seus dados da pesquisa por telefone, por estar gripado.
Mesmo assim, ele e seus colegas mostraram evidências de que
o uso de substâncias como a vitamina E poderia reduzir os danos causados pelo colesterol aos pacientes com a doença.

Vitaminas

Colegas de Mattson também revelaram novas evidências de que o consumo de vitaminas como suplemento alimentar e provenientes de vegetais seria capaz de prevenir o advento da doença, e mesmo de que as estatinas, hoje usadas para o combate ao colesterol na corrente sangüínea, também poderiam evitar o aparecimento do mal de Alzheimer.

Apesar de estudada de forma intensa no mundo todo, a moléstia tem um mecanismo de ação ainda pouco compreendido.
Aparentemente, o fator principal para seu aparecimento é o acúmulo da proteína beta-amilóide nos neurônios (células nervosas), em geral de pessoas idosas.
Essa molécula tende a se aglomerar em placas e, por ser tóxica, elimina um a um os neurônios dos doentes, levando-os à morte.

Mattson e colegas descobriram uma espécie de combinação letal entre o aparecimento da beta-amilóide e a presença de colesterol e de ceramida nos neurônios de pessoas mortas com o mal.

Cascata fatal

Num trabalho aprovado para publicação na revista científica 'PNAS' (http://www.pnas.org), a equipe mostrou que o aparecimento da beta-amilóide induz um acúmulo anormal de colesterol e ceramida.

Eles, por sua vez, iniciam uma cascata de reações bioquímicas que acaba conduzindo à morte dos neurônios. Isso acontece, segundo os cientistas, porque as substâncias liberam os chamados radicais livres -átomos isolados de oxigênio que são um verdadeiro veneno para o organismo.

Por outro lado, diz Benjamin Wolozin, do Centro Médico da Universidade Loyola (Chicago, EUA), o local onde as moléculas de colesterol se abrigam na membrana é também a região na qual estão as enzimas (moléculas que aceleram reações químicas) responsáveis por produzir a beta-amilóide.

'Sem a presença de colesterol, elas não conseguem operar', afirma. Com a compreensão desses processos, os cientistas propõem duas estratégias.
Uma, obviamente, é reduzir o consumo de gordura que pode levar a uma presença excessiva de colesterol e ceramida no organismo.
Outra é utilizar substâncias antioxidantes, ou seja, capazes de reduzir a ação dos radicais livres.

Esse é o caso das vitaminas.
Experimentos coordenados por Carl Cotman, da Universidade da Califórnia em Irvine, mostraram resultados animadores em cães na fase de envelhecimento (a partir dos 9 anos de vida), na qual os animais podem desenvolver uma doença que lembra Alzheimer.

Memória restaurada

Os suplementos de vitaminas C e E e de vegetais dados aos bichos funcionou tão bem que a memória dos cães, testada regularmente por meio de um exercício no qual eles tinham de reconhecer objetos, passou a se igualar à de animais jovens.
Um dado importante, já que a perda da capacidade de armazenar novas lembranças é um dos principais sintomas do mal de Alzheimer em humanos.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Alzheimer: proteína natural tem efeitos 'poderosos' nos ratos

France Presse


PARIS (AFP) - Uma proteína produzida por uma parte do córtex cerebral tem efeitos "poderosos" nos ratos inoculados com o mal de Alzheimer, de acordo com pesquisadores que vislumbraram a possibilidade de uma nova abordagem no tratamento dessa doença.

Uma equipe liderada por Mark Tuszynski, professor de Neurociências da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia (San Diego), interessou-se pelos efeitos da proteína BDNF, normalmente produzida, ao longo da vida, no córtex entorrinal, uma zona do córtex cerebral essencial para a memória e contígua ao hipocampo.

A produção dessa proteína diminui nas vítimas do mal de Alzheimer.

Os pesquisadores, cujo trabalho aparece na edição deste domingo da revista "Nature Medicine", constataram que a administração de BDNF estimulava a atividade dos circuitos de memória e impedia a morte das células, provocada pela doença.

Eles também observaram uma melhora do funcionamento do hipocampo, centro da memória de curto prazo e uma das primeiras regiões atingidas no mal de Alzheimer.

Falando em "efeitos poderosos", o professor Tuszynski e sua equipe constataram melhoras "significativas" em diferentes testes de aprendizagem, ou de memória, nos animais estudados - ratos com Alzheimer, mas também ratos, ou macacos, idosos, ou que tenham sofrido danos no córtex entorrinal.

Trabalhos anteriores já haviam estabelecido que uma outra proteína, o "fator de crescimento neural" (NGF), poderia ter efeitos no declínio cognitivo dos doentes de Alzheimer, mas sem a restauração das capacidades que a BDNF poderia proporcionar.

A proteína NGF está, atualmente, em teste em pacientes com Alzheimer para confirmar eventuais benefícios.