sábado, 16 de novembro de 2013

Afinamento da retina e aumento da pressão arterial podem indicar Alzheimer

As descobertas poderão ajudar médicos e pacientes a retardarem o surgimento da doença

 

Paloma Oliveto - Correio Brasilienze Publicação:15/11/2013 11:00Atualização:14/11/2013 10:23
Clique para ampliar e saber mais sobre os indícios do Alzheimer (Anderson Araújo / CB / DA Press)
Clique para ampliar e saber mais sobre os indícios do Alzheimer

O mal é lento e silencioso. Até que os primeiros sinais apareçam, podem se passar duas a três décadas. Sem aviso aparente, o Alzheimer vai se alojando entre os neurônios para, então, tomar conta do cérebro. Enquanto não se encontra a cura ou o tratamento adequado para a doença, a medicina busca formas de identificá-la antes que as funções mentais sejam totalmente comprometidas. Apesar de não ser possível, ainda, retardar a degeneração, remédios conseguem manejar sintomas como a perda da memória e a agressividade.

Um exame detalhado dos olhos e a aferição da pressão do pulso podem se tornar novas ferramentas para auxiliar os médicos a diagnosticarem o Alzheimer precocemente. Dois estudos independentes encontraram relação entre anomalias na retina e alterações na variação entre a pressão sistólica e a diastólica e o risco para a doença. “Apesar de os tratamentos atuais terem eficácia limitada, um diagnóstico precoce pode ajudar no desenvolvimento de intervenções que busquem prevenir ou atrasar o processo neurodegenerativo, assim como contribuir para a formulação e a avaliação de novos tratamentos”, opina o neurologista Stephan Frost, professor da Universidade de Western Austrália e pesquisador da doença.

Autor de um estudo apresentado hoje no Neuroscience 2013, encontro anual da Sociedade de Neurociência dos EUA, o neurologista R. Scott Turner conta que um dos biomarcadores pode ser a espessura dos tecidos que compõem a retina. Essa membrana ocular é constituída por células conectadas diretamente ao cérebro — inclusive por neurônios. “É uma extensão do cérebro. Então, faz sentido investigar se os mesmos processos patológicos encontrados em um órgão com Alzheimer estão presentes nos olhos.”

Em um estudo do qual Turner participou, das universidades de Georgetown e de Hong Kong, ratos geneticamente modificados para ter Alzheimer apresentaram perda de neurônios tanto na camada nuclear interna quanto na das células ganglionares, que eram 37% e 49% mais finas, respectivamente.

Há seis anos, pesquisadores europeus fizeram a primeira associação entre Alzheimer e glaucoma, doença caracterizada pela perda gradual da visão periférica devido a lesões nas fibras nervosas originadas na retina. Em um estudo também realizado com ratos, os cientistas descobriram que, no lugar das células visuais danificadas, havia concentração da proteína beta-amiloide. No cérebro de animais e seres humanos com Alzheimer, sabe-se que fragmentos desse peptídeo preenchem as regiões onde houve morte de neurônios. Deixando claro que nem toda pessoa com Alzheimer terá glaucoma e vice-versa, os pesquisadores destacaram que os efeitos neurotóxicos da substância parecem ser os mesmos nos olhos e no cérebro.

Agora, no estudo apresentado no Neuroscience 2013, os cientistas replicaram o resultado, verificando a morte da camada de células ganglionares, e também examinaram um tecido que ainda não havia sido associado ao Alzheimer. De acordo com R. Scott Turner, nos animais com a doença neurodegenerativa, a camada nuclear interna da retina também sofre afinamento. São as células dessa região que passam para as células ganglionares as informações visuais que, depois, serão transmitidas ao cérebro pelo nervo óptico. “Não sabemos dizer ainda os mecanismos que estão por trás disso. Mas estamos seguros que, com aprofundamento das pesquisas, será possível aliar o exame dos olhos a outros métodos para chegarmos a um diagnóstico precoce do Alzheimer. Outra possibilidade aberta é a de testar medicamentos que têm dado certo contra o glaucoma para combater o Alzheimer”, conta Turner.

Isquemia
Além da beta-amiloide, a proteína chamada tau já foi amplamente associada ao Alzheimer. Embora seja um componente normal das células cerebrais, em grandes quantidades ela forma emaranhados de fibras dentro dos neurônios, que acabam morrendo. Quando há quantidades anormais, tanto os fragmentos de beta-amiloide quanto os do peptídeo tau podem ser encontrados em amostras do líquido cerebroespinhal, uma substância que irriga o cérebro e passa pela espinha, de onde é retirada por meio de punção lombar. Segundo um estudo publicado hoje na revista da Academia Americana de Neurologia, as duas proteínas podem ser identificadas nas amostras de indivíduos com disfunções na pressão sanguínea.

O estudo, conduzido pelo Departamento de Sistema de Saúde de Veteranos de Guerra de San Diego, envolveu 177 pessoas entre 55 e 100 anos, sem sintomas de Alzheimer. Os cientistas fizeram punções lombares e aferiram a pressão dos participantes. Em idosos, o aumento dessa medida está associado ao envelhecimento do sistema vascular. Daniel A. Nation, principal autor do estudo, conta que, ao comparar os resultados dos dois exames, constatou-se que veteranos com pressão de pulso alta têm maior risco de apresentar níveis elevados da proteína tau circulando no líquido cerebroespinhal.

Para cada 10 pontos a mais na pressão do pulso, a média de proteína detectada aumenta 1,5 picograma (um trilhão de grama) por mililitro de líquido. “Já se sugeriu previamente que a pressão alta pode ser um indicativo de problemas futuros de memória e raciocínio. Não temos como determinar se existe uma associação causal entre pressão alta e Alzheimer, mas sabemos que há algum tipo de relação entre as duas condições”, afirma Nation. De acordo com ele, uma possível explicação é que, quando a pressão aumenta, cresce o risco de isquemia dos vasos sanguíneos do cérebro. Eles ficam menores e mais estreitos, lesionando regiões importantes para a memória.

Relação com o diabetes
Embora em mais de 90% das vezes o Alzheimer se manifeste em idosos acima de 65 anos, indivíduos na faixa dos 30 aos 50 também podem apresentar os sintomas do mal. O diagnóstico, nesses casos, costuma ser ainda mais difícil, pois não se espera que indivíduos mais jovens sofram de demência. Pesquisa conduzida por R. Scott Turner, neurologista da Universidade de Georgetown, constatou que, entre essas pessoas, é comum o distúrbio estar associado ao diabetes e ao pré-diabetes não diagnosticados.

Turner, que também participou da pesquisa sobre Alzheimer e afinamento da retina, conduziu um estudo com 128 pacientes com as formas branda e moderada da doença para determinar se o resveratrol, composto encontrado no vinho tinto e na uva, pode afetar os níveis de glicose em pessoas que sofrem do mal. Ele disse que ficou chocado ao perceber que, mesmo sob cuidados médicos, muitos desses pacientes tinham taxas altas de açúcar no sangue e não recebiam tratamento específico para o problema.

Para participar do estudo, os pacientes se submeteram a um exame de glicemia. O resultado  de 30% dos participantes foi positivo para pré-diabetes e 13%  de diabetes tipo 2.  “Esses resultados levantam algumas perguntas. Como a intolerância à glicose ou o diabetes leva à doença de Alzheimer? Será que a inflamação associada ao mal desencadeia a intolerância à glicose? Ou os dois eventos criam um círculo vicioso?”, questiona Turner. Embora admita não ter as respostas, ele afirma que há algumas implicações.

“Talvez, pudéssemos começar a testar todos nossos pacientes com Alzheimer precoce. Esse é um exame simples e barato, que revela informações críticas para a saúde”.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Nova pesquisa feita com ratos pode levar à cura do Alzheimer
 

                      

Conheça alguns mitos e verdades sobre alzheimer15 fotos

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O primeiro sintoma do alzheimer é a perda da memória MITO: não é apenas a perda da memória que sinaliza o alzheimer. A doença atinge inicialmente a parte do cérebro que controla a linguagem, a memória e o raciocínio, outros sintomas podem indicar sua chegada. "Esquecimentos persistentes de fatos recentes, recados, compromissos, dificuldades com planejamento de atividades, cálculos, controle das finanças, desorientação no tempo e no espaço, dificuldade de executar tarefas rotineiras e alterações de comportamento (como comportamentos inesperados, inadequados, incomuns para aquela pessoa) são os primeiros sinais da doença de alzheimer", explica o psiquiatra Cássio Bottino, professor do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e diretor científico da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) Leia mais Getty Images
A descoberta da primeira substância química capaz de prevenir a morte do tecido cerebral em uma doença que causa degeneração dos neurônios foi aclamada como um momento histórico e empolgante para o esforço científico. 

PESQUISAS SOBRE CÉREBRO

  • Elias Pavlopoulos, PhD/Columbia University Medical Center Perda da memória por idade pode ser reversível, mostra novo estudo de Nobel
  • Divulgação/Universidade de Rochester Pesquisadores americanos descobrem sistema de limpeza do cérebro
  • Morrow lab/Brown University Cientistas conseguem restaurar neurônio 'atrofiado' do autismo
Ainda é necessário maior investigação para desenvolver uma droga que possa ser usada por doentes. Mas os cientistas dizem que um medicamento feito a partir da substância poderia tratar doenças como alzheimer, Mal de Parkinson, Doença de Huntington, entre outras.
Em testes feitos com camundongos, a Universidade de Leicester, no Reino Unido, mostrou que a substância pode prevenir a morte das células cerebrais causada por doenças priônicas, que podem atingir o sistema nervoso tanto de humanos como de animais.
A equipe do Conselho de Pesquisa Médica da Unidade de Toxicologia da universidade focou nos mecanismos naturais de defesa formados em células cerebrais.
Quando um vírus atinge uma célula do cérebro o resultado é um acúmulo de proteínas virais. As células reagem fechando toda a produção de proteínas, a fim de deter a disseminação do vírus.
No entanto, muitas doenças neurodegenerativas implicam na produção de proteínas defeituosas ou "deformadas". Estas ativam as mesmas defesas, mas com consequências mais graves.
As proteínas deformadas permanecem por um longo tempo, resultando no desligamento total da produção de proteína pelas células do cérebro, levando à morte destas.
Este processo, que acontece repetidamente em neurônios por todo o cérebro, pode destruir o movimento ou a memória, ou até mesmo matar, dependendo da doença.

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Veja outros destaques de ciência69 fotos

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Sequência de imagens 4D de pesquisa britânica mostra fetos reagindo ao toque ainda no útero. Nas imagens do topo, feto de 25 semanas abre a boca depois de tocar parte lateral da cabeça com sua mão. Mas, quando atinge 32 semanas de gestação (abaixo), o feto já consegue antecipar seu movimento e abrir a boca antes de levantar a mão esquerda Leia mais Nadja Reissland/Durham University

"Extraordinário"

Acredita-se que este processo aconteça em muitas formas de neurodegeneração, por isso, interferir este processo de modo seguro pode resultar no tratamento de muitas doenças.
Os pesquisadores usaram um composto que impediu os mecanismos de defesa de se manifestarem, e por sua vez interrompeu o processo de degeneração dos neurônios.
O estudo, divulgado na publicação científica Science Translational Medicine, mostrou que camundongos com doença de príon desenvolveram problemas graves de memória e de movimento. Eles morreram em um período de 12 semanas.
No entanto, aqueles que receberam o composto não mostraram qualquer sinal de tecido cerebral sendo destruído.
A coordenadora da pesquisa, Giovanna Mallucci, disse à BBC: "Eles estavam muito bem, foi extraordinário."
"O que é realmente animador é que pela primeira vez um composto impediu completamente a degeneração dos neurônios", disse. "Este não é o composto que você usaria em pessoas , mas isso significa que podemos fazê-lo, e já é um começo."
Ela disse que o composto oferece um "novo caminho que pode muito bem resultar em drogas de proteção" e o próximo passo seria empresas farmacêuticas desenvolverem um medicamento para uso em seres humanos.
O laboratório de Mallucci também está testando o composto em outras formas de neurodegeneração em camundongos, mas os resultados ainda não foram publicados.
Os efeitos colaterais são um problema. O composto também atuou no pâncreas, ou seja, os camundongos desenvolveram uma forma leve de diabetes e perda de peso.
Qualquer medicamento humano precisará agir apenas sobre o cérebro. No entanto, o composto dá aos cientistas e empresas farmacêuticas um ponto de partida.

Mal de Alzheimer - 16 vídeos

Estudo de referência

Comentando a pesquisa, Roger Morris da King's College London, disse: "Esta descoberta, eu suspeito, será julgada pela história como um acontecimento importante na busca de medicamentos para controlar e prevenir o alzheimer."
Ele disse à BBC que uma cura para a doença de Alzheimer não era iminente, mas disse que está "muito animado, pois é o primeiro teste feito em um animal vivo que prova ser possível retardar a degeneração de neurônios."
"O mundo não vai mudar amanhã, mas este é um estudo de referência."
David Allsop, professor de neurociência da Universidade de Lancaster descreveu os resultados como "muito impressionante e encorajador", mas advertiu que era necessário mais pesquisas para ver como as descobertas se aplicam a doenças como alzheimer e Parkinson .
Eric Karran, diretor de pesquisa da organização sem fins lucrativos Alzheimer's Research UK, disse: "Focar em um mecanismo relevante para uma série de doenças neurodegenerativas poderia render um único medicamento com benefícios de grande alcance, mas este composto ainda está em uma fase inicial."
"É importante que estes resultados sejam repetidos e testados em outras doenças neurodegenerativas, incluindo o mal de Alzheimer."

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Cientistas anunciam maior avanço contra Alzheimer dos últimos 15 anos
 
 

Dois grupos de cientistas, um do Reino Unido e outro da França, deram um grande passo nas pesquisas sobre o mal de Alzheimer, ao identificar três novos genes relacionados à doença, o que pode reduzir em até 20% seus índices de incidência.

Saiba mais sobre o mal de Alzheimer

À frente da equipe de pesquisa sobre o tema no Reino Unido, Julie Williams, professora da Universidade de Cardiff, afirmou que se trata "do maior avanço conseguido na pesquisa sobre Alzheimer nos últimos 15 anos". O estudo foi divulgado pela revista "Nature Genetics".

Os pesquisadores asseguraram que se as atividades dos genes descobertos forem neutralizadas, poderiam prevenir, em uma área como a do Reino Unido (com uma população de 61 milhões de pessoas), 100 mil novos casos por ano do variante mais comum do mal de Alzheimer, sofrido em idade mais avançada.

Genes

A identificação destes três genes é a primeira desde 1993, ano no qual uma forma mutante de um gene chamado APOE foi responsabilizada por 25% dos casos diagnosticados da doença.

Dois destes três novos genes, denominados clusterina (ou CLU) e PICALM, foram identificados pela equipe britânica, e o terceiro, denominado receptor complementar 1 (ou CR1), pela equipe francesa.

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O gene clusterina é conhecido por sua variada propriedade protetora do cérebro e, da mesma forma que o APOE, ajuda o cérebro a se desfazer dos amilóides, uma proteína potencialmente destrutiva.

A novidade é que, segundo o estudo, estes genes também ajudam a reduzir as inflamações que danificam o cérebro, causadas por uma excessiva resposta do sistema imunológico, função que compartilha com o CR1.

Os cientistas acreditam que a inflamação cerebral pode ter um papel muito mais importante no desenvolvimento do mal de Alzheimer e que poder interagir com estes genes abre as portas para tratamentos novos e mais eficazes.

O mal de Alzheimer, para o qual não há um tratamento eficaz, é uma doença neurodegenerativa que se manifesta através de uma deterioração cognitiva e de transtorno de conduta, devido à morte dos neurônios e de uma atrofia cerebral.

 

sábado, 12 de outubro de 2013

Descoberta possível cura de doenças como Alzheimer e Parkinson

Para a descoberta chegar aos pacientes, ainda é necessário que seja desenvolvido um medicamento com a substância'

 
Pesquisadores da Universidade de Leicester, na Grã-Bretanha, descobriram a primeira substância química capaz de prevenir a morte do tecido cerebral em casos de doenças que causam degeneração dos neurônios, como Alzheimer, mal de Parkinson e doença de Huntington. Para a descoberta chegar aos pacientes, ainda é necessário que seja desenvolvido um medicamento com a substância.

Nos testes feitos com camundongos em laboratório, cientistas identificaram que a substância pode prevenir a morte das células cerebrais causada por doenças priônicas – que afetam as estruturas cerebrais ou outros tecidos neurais, que podem atingir o sistema nervoso tanto de humanos como de animais. A equipe do Conselho de Pesquisa Médica da Unidade de Toxicologia da universidade priorizou os mecanismos naturais de defesa formados em células cerebrais.
Veja também:Ziraldo é submetido a cateterismo na Alemanha
O estudo, publicado na revista científica Science Translational Medicine, aponta que o composto foi originalmente desenvolvido para uma finalidade diferente, mas foi capaz de entrar no cérebro a partir da corrente sanguínea e parar a doença. No entanto, a substância, além de proteger o cérebro, causou a perda de peso nos ratos com diabetes, devido a danos no pâncreas.

Os pesquisadores estudaram camundongos com doença de príon, porque esses ratos atualmente fornecem a melhor representação em animais de doenças neurodegenerativas humanas, em que o acúmulo de proteínas deformadas está relacionado com a morte das células cerebrais.

Segundo o líder da equipe, professor Giovanna Mallucci, o estudo anterior já previa que esse caminho poderia ser um alvo para a proteção das células do cérebro em doenças neurodegenerativas. O tratamento precisa ser aprimorado para ser usado em seres humanos.

"Ainda estamos muito longe de uma droga útil para seres humanos – este composto tem efeitos secundários graves. Mas [é importante] o fato de que nós estabelecemos que esta via pode ser manipulada para proteger contra a perda de células cerebrais. Em primeiro lugar, com ferramentas genéticas, e, agora, com um composto, significa que o desenvolvimento de tratamentos medicamentosos visando a esse caminho para príon e outras doenças neurodegenerativas é uma possibilidade real ", disse Giovanna Mallucci.


Tags: Alzheimer e Parkinson, cura, descoberta, doença
            
 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Revelados mais segredos do Alzheimer


  • Proteína ligada ao funcionamento da visão na juventude é relacionada à doença na velhice

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Memória apagada: proteína funciona como um ‘freio’ nas conexões entre os nerônios
Foto: Latinstock
Memória apagada: proteína funciona como um ‘freio’ nas conexões entre os nerônios Latinstock
RIO - Uma proteína responsável por ativar as regiões do cérebro que irão processar as informações fornecidas pelos olhos durante a infãncia e a adolescência é o novo alvo dos cientistas na luta contra o mal de Alzheimer, doença neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas no mundo. Em experimentos com camundongos e tecidos humanos, pesquisadores das universidades de Stanford e Harvard, nos EUA, relacionaram a ação da proteína ao aparecimento de placas de uma substância conhecida como beta-amiloide no cérebro, cujo acúmulo é característico da doença na velhice. A descoberta abre caminho para a criação de remédios ou tratamentos que inibam a atuação da proteína ou interrompam sua produção, desta forma atrasando ou mesmo impedindo o surgimento do Alzheimer e seus sintomas.
Segundo os cientistas, a proteína, chamada PirB nos animais e LilrB2 em seu equivalente humano, fica na superfície das células cerebrais mediando a competição entre os olhos para se conectarem com uma região limitada do órgão durante o crescimento. Esta disputa, chamada plasticidade da dominância ocular, ocorre apenas no início da vida e responde à experiência. Assim, se um dos olhos tem algum tipo de problema, como a catarata congênita, ele permanentemente perde terreno para o processamento de suas informações pelo cérebro para o outro olho.
Sem a proteína e sintomas da doença
Responsáveis por identificar a proteína e seu papel no cérebro, Carla Shatz, professora de neurobiologia da Universidade de Stanford, e sua equipe notaram que camundongos sem o gene para produção da PirB mantiveram a flexibilidade na designação das conexões oculares mesmo na idade adulta. Eles decidiram então investigar se a proteína também atuava como um “freio” na plasticidade de outras funções cerebrais, como a relacionada aos sintomas de Alzheimer, causados pelo progressivo enfraquecimento das conexões entre os neurônios, chamadas sinapses.
Para tanto, Shatz e seus colegas primeiro apagaram o gene que ordena a produção da PirB em camundongos geneticamente modificados para desenvolverem Alzheimer. Depois de nove meses de vida, estes animais normalmente apresentam os sintomas da doença, mas sem a proteína isso não aconteceu. Diante disso, eles resolveram investigar o motivo, especialmente se existia alguma relação entre a PirB e o acúmulo de placas de beta-amiloide no cérebro.
— Sempre achei estranho o fato destes camundongos, na verdade, de todos os modelos de Alzheimer em camundongos que nós e outros grupos estudamos, não terem problemas de memória antes de envelhecerem, apesar de seus cérebros apresentarem altos níveis de beta-amiloide desde a juventude — comentou Shatz, coautora de artigo sobre a pesquisa publicado na edição desta semana da revista “Science”. — Mas os camundongos sem a PirB ficaram protegidos das consequências de suas mutações que provocam a produção de beta-amiloide, restando-nos assim a pergunta do por que disso ter acontecido.
Uma união perigosa
E a explicação veio das mãos de Taeho Kim, pesquisador do laboratório de Shatz em Stanford e principal autor do artigo na “Science”. Ele imaginou que a PirB e a beta-amiloide estavam se unindo de alguma forma, fazendo com que a proteína pisasse tão fortemente no “freio” das sinapses que elas desapareciam completamente, levando consigo a memória. Experimentos com os camundongos acabaram por mostrar que de fato a proteína e a beta-amiloide criam uniões fortes, dando início a uma reação em cadeia que prejudica o funcionamento dos neurônios.
Além disso, as experiências revelaram que esta união tem início logo cedo na vida, quando a beta-amiloide ainda trafega livremente pelo cérebro e não se acumulou em placas. Por fim, Kim também demonstrou que esta união também acontece entre a a beta-amiloide e a LilrB2, a equivalente humana da proteína nos camundongos.
— Nossa descoberta sugere que o mal de Alzheimer começa a se manifestar muito antes da formação das placas ficar evidente — disse Shatz. — Estamos apenas começando a investigar o que todas essas proteínas fazem no cérebro e, embora sejam necessárias mais pesquisas, elas podem ser um novo alvo para remédios contra o Alzheimer. Espero que este achado seja animador o bastante para que alguém em empresas farmacêuticas ou de biotecnologia leve a ideia adiante.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ciencia/revelados-mais-segredos-do-alzheimer-10046490#ixzz2gA9sZ0Ac
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domingo, 22 de setembro de 2013

Cientistas descobrem associação entre Alzheimer e diabete


04 de maio de 2009 • 11h33 • atualizado às 11h35



Nos últimos cinco anos, os cientistas e médicos já vinham associando doença de Alzheimer ao diabete do tipo 2. Evidências epidemiológicas já indicavam que, do ponto de vista clínico, pacientes com Alzheimer têm maior tendência a apresentar diabete tipo 2 e que o oposto também acontece.
As razões que poderiam explicar esta associação, no entanto, não eram claras. As primeiras pistas só surgiram a partir dos estudos da bióloga e neurocientista Fernanda De Felice, que, durante estágio na Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, descobriu que os receptores do hormônio insulina nos neurônios são perdidos em pacientes de Alzheimer.
O passo seguinte, reunindo cientistas brasileiros e americanos, foi a proposta de tratar neurônios afetados pelo Alzheimer com uma combinação de insulina e rosiglitazona, substância habitualmente empregada para tratar pacientes de diabete tipo 2.
Testes de laboratório, conduzidos por De Felice, que é Jovem Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, e pelo bioquímico Sérgio Teixeira Ferreira, ambos do Instituto de Bioquímica Médica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mostraram que a experiência, feita com células cerebrais em cultura, efetivamente evita a progressão dos efeitos degenerativos da doença.
"Antigamente, acreditava-se que o cérebro não precisava de insulina para seu funcionamento. A descoberta de Fernanda confirma exatamente o contrário. Além de contribuir para o processo de obtenção de energia para que o cérebro funcione, a insulina também desempenha um papel importante na formação da memória" explica Sérgio Ferreira, Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, e um dos coordenadores da pesquisa 'Oligômeros protéicos solúveis como neurotoxinas e novos alvos terapêuticos nas doenças amiloidogênicas humanas'.
Ele prossegue, explicando que, como estudos anteriores já haviam demonstrado, em portadores de Alzheimer, os neurônios se mostram mais resistentes à insulina e à sua ação benéfica. Tudo isso leva os pesquisadores a considerarem a doença de Alzheimer como um novo tipo de diabete, que afetaria apenas o cérebro - a chamada diabete tipo 3.
Nos doentes acometidos pelo Alzheimer, certas substâncias tóxicas, os chamados oligômeros, se ligam aos neurônios, atuando sobre eles como radicais livres e levando à perda de suas funções normais. Recentemente publicado na revista PNAS, o estudo de Ferreira e De Felice contou ainda com a participação dos estudantes Marcelo N. Vieira e Theresa R. Bomfim, ambos Bolsistas Nota 10, da FAPERJ, e Helena Decker. Os resultados do trabalho mostram que o dano induzido pelos pesquisadores em células sadias - e que ocorre poucas horas depois que os neurônios são expostos à ação dos oligômeros - pode ser evitado quando se aplica à cultura a combinação de insulina e rosiglitazona.
"Com isso aumentamos a sensibilidade das células à insulina, e, por sua vez, as duas substâncias evitam que os oligômeros se liguem aos neurônios em cultura, impedindo que percam suas funções. Assim tratados, os neurônios mantiveram as sinapses preservadas e permaneceram ativos" diz Ferreira. A partir desses resultados e do desenvolvimento das próximas etapas da pesquisa, cria-se a possibilidade de que, pela primeira vez, se possa contar com um medicamento que efetivamente reverta os efeitos iniciais da doença.
Antes, porém, que os doentes de Alzheimer corram a se medicar com insulina, Ferreira adverte que, embora os resultados em cultura tenham sido bastante animadores, ainda é cedo para se falar num tratamento direto. Depois dos experimentos em laboratório, será preciso passar para os testes com animais, para mais tarde avaliar a combinação terapêutica em humanos.
"Também é preciso levar em conta que a diabete é uma doença sistêmica, ou seja, age sobre todo o organismo humano. O que queremos é fazer com que a insulina e a rosiglitazona atuem apenas sobre o cérebro" explica. Para tanto, pesquisadores de outros países já estudam formas de aplicação nasal das substâncias.
"A aplicação de insulina da forma usual nos traz dois problemas: pode-se levar os pacientes a um desequilíbrio na glicemia. Sabemos também que, com o uso continuado, diabéticos do tipo 2 acabam ficando com a barreira hematoencefálica - que protege o cérebro e, em geral, é razoavelmente permeável à insulina - cada vez mais resistente a esse hormônio" explica.
Essa resistência agravaria a situação dos neurônios, afetados pela ação dos oligômeros. A equipe também está testando outras substâncias de ação semelhante.
Segundo estimativas recentes, há cerca de um milhão e duzentos mil brasileiros com Alzheimer. A vida média dessas pessoas em geral gira em torno de oito a dez anos depois do diagnóstico.
Atualmente, esses pacientes contam com apenas dois tipos de medicamentos: os inibidores de acetilcolinerastase e a memantina para tratamento. Mas nenhum dos dois realmente funciona. Com a nossa pesquisa, abre-se uma grande porta para o desenvolvimento de novos medicamentos, com possibilidade de alterar o curso da doença. As perspectivas são bastante promissoras.


Jornal do Brasil


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A cura da doença de Alzheimer

publicado em tecnologia por benjamin júnior


Alguns especialista estão a testar uma nova droga que poderá ter a capacidade de reverter todos os sintomas da doença de Alzheimer em apenas alguns minutos. Cientistas ingleses dizem que é ainda cedo para que se possam tirar grandes conclusões, uma vez que os testes somente foram feitos num reduzido número de portadores da doença, e não podem ainda ser generalizados ou encarados como uma cura de facto eficiente.

O tratamento envolve a injecção de uma droga chamada Enbrel - que normalmente é utilizada no tratamento da artrite - na coluna, junto ao pescoço. A actuação da droga passa pelo bloqueio de um químico responsável pela inflamação. Pelo menos um dos doentes que foi tratado com este composto viu os sintomas completamente revertidos em apenas alguns minutos, enquanto outros melhoraram substancialmente na incapacidade de memorização de factos recentes, com a administração de injecções semanais.

Diversos artigos saíram já nos media sobre este assunto. Para quem possui a infelicidade de contactar de perto com esta terrível doença, fica mais alguma esperança.