segunda-feira, 24 de março de 2008

Níveis de iões de cobre no cérebro podem prevenir desenvolvimento da Doença de Alzheimer.

Ciência avança na compreensão da Doença de Alzheimer

Níveis de iões de cobre no cérebro podem prevenir desenvolvimento da Doença de Alzheimer.
Um avanço científico anunciado numa Conferência Internacional sobre doenças
neurodegenerativas realizada em Berlim, na Alemanha.

Lúcia Vinheiras Alves

Há medida que a ciência se desenvolve e mais estudos de investigação são levados a cabo, mais os cientistas conseguem compreender os mecanismos que estão na causa de doenças como a Alzheimer, Parkinson ou Huntington. Numa conferência internacional intitulada ‘Doenças Neurodegenerativas: Mecanismos Moleculares num Quadro Genómico Funcional’, realizada entre 6 e 9 de Setembro em Berlim, na Alemanha, foram apresentados novos avanços moleculares para compreender as causas da doença de Alzheimer e os cientistas acreditam que estes poderão vir a ser novos alvos terapêuticos.


Há mais de uma década que os cientistas identificaram que uma das causas da doença de Alzheimer é o facto de uma proteína, a amilóide beta, no cérebro se começar a desfragmentar levando a acumulação e depósito de fragmentos insolúveis no cérebro. De acordo com os especialistas, esta desfragmentação vai ocorrendo como um processo natural ao longo da vida, motivo que explica porque a Doença de Alzheimer surge, principalmente, nas idades mais avançadas.

O processo identificado em 1992, pelo cientista Christian Haass, Professor no Ludwig Maximilian University Munich leva-o a acreditar que a «a Alzheimer é uma doença de velhice», como disse na conferência, de acordo com comunicado do Max Delbrück Communications Center (MDC.C), onde decorreu o encontro. O especialista adianta que, quanto mais tempo as pessoas viverem maior possibilidade têm de vir a sofrer da doença, sendo que a probabilidade é para que a incidência da mesma na população (cada vez mais envelhecida) seja maior.


Os cientistas explicam que a amilóide beta surge quando uma proteína específica precursora da amilóide, a APP, se começa a desfragmentar. O que, segundo os especialistas de acordo com comunicado da universidade, «torna claro que a amilóide beta é gerada pelo processo proteolítico envolvendo dois tipos de proteases, a beta-secretase e a gama-secretase. A este respeito, Christian Haass refere, que «inibir a actividade destas duas enzimas deverá diminuir a degeneração das células nervosas», tornando-as, desta forma, potenciais alvos de medicamentos.


Na Conferência, que juntou pela primeira vez investigadores sobre vários mecanismos que estão envolvidos na doença de Alzheimer, quer a nível proteico quer celular, Robbert Cappai, investigador da Universidade de Melbourne, na Austrália, anunciou ter identificado que os níveis de iões de cálcio no cérebro apresentam-se mais baixos nestes pacientes, o que o leva a crer que os iões de cobre poderão vir a ser um possível meio de combater a degeneração.


Os cientistas sabem que os fragmentos proteicos que se acumulam no cérebro são tóxicos para as células nervosas e Robbert Cappai de acordo com os estudos realizados, chegou à conclusão que níveis de iões de cobre no cérebro influenciam a formação de depósitos maléficos. Nos mesmos estudos, o cientista verificou que quanto mais altos os níveis de iões de cobre se apresentaram nos pacientes com Alzheimer menor foi a quantidade de depósitos dos fragmentos da amilóide beta.

Pela primeira vez, 200 investigadores de várias vertentes da ciência e que se dedicam ao estudo das doenças neurodegenerativas juntaram-se com o objectivo de conjugarem conhecimento para compreender as causas destes distúrbios e possíveis formas de os combater ou prevenir.

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Fonte: TVCiência on-line, 11/09/2006.

http://www.tvciencia.pt/arqtvc/ctvc30.asp

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